Espiritismo e ecologia: quantas “coincidências”

28/02/2024
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Originalmente publicado em 17 de abril de 2022

Queridos e queridas espíritas ecologistas! Nossa caminhada ganha força com a participação de vocês. No dia 12/04/22, tivemos uma noite abençoada de estudos e debates sobre a obra “Espiritismo e Ecologia”, de André Trigueiro (*).

Se você não pode participar, tudo bem! O blog sempre estará atualizado com um resumo dos trabalhos.

As inscrições seguem abertas. Junte-se aos Amigos do Meio Ambiente e da Vida neste esforço para fazer crescer a consciência humana sobre a conexão Espiritismo e Ecologia, onde todos terão voz: nós, fauna, flora, natureza, a espiritualidade benfeitora e a ciência.

A noite iniciou com uma prece e os toques diretos dados por Emmanuel, pelas mãos do Chico, sobre o cuidado com a Natureza:

“O ensinamento do Mestre, no que tange à tolerância e ao amor para com o adversário, é lição viva nas esferas mais simples da Natureza” (livro “Viajor”).

“Amai as árvores e tende cuidado com o campo, onde florescem as bênçãos do céu.” (da obra “O Consolador”)

Depois, todos conversaram sobre a importância da doutrina espírita e da ciência da ecologia para superar o “analfabetismo ambiental”, a desinformação e as “fake news”. Vivemos tempos sombrios em termos de propagação de informações, daí então, a ecologista e psicóloga da espiritualidade, Joanna de Ângelis, nos ajuda apontando os rumos: nada como a educação para barrar a deterioração cultural, a divisão e a desarmonia:

“A educação deve, portanto, proporcionar alegria e bem-estar, jamais caracterizar-se como coação ou troca de interesses, gerando desencanto e depressão nos aprendizes de modo que, através da lealdade e compreensão, sejam estimulados à conquista do conhecimento e do ajustamento social em padrões de harmonia e de respeito por todos, incluindo a Natureza e tudo quanto existe” (do livro “Constelação Familiar” – Divaldo Franco)

A quem interessa a polarização e a desinformação, quando o assunto é a defesa do meio ambiente e da vida? Aos poderosos. Quem são eles? Estão na indústria, nas finanças, na agricultura, por todos os lugares, mas muita fé e calma nesta hora! Ao observar com atenção o que está ocorrendo ao nosso redor, podemos perceber uma luz no fim do túnel: empresas e indústrias já se preocupam e tomam atitudes em favor do meio ambiente.

Consumidores do mundo, atenção! Os poderosos não são bobos. Muitas empresas realizam o que é denominado greenwashing, algo semelhante à lavagem de dinheiro, só que é uma lavagem verde: sabendo que vão vender mais produtos para consumidores preocupados com o meio ambiente, empresas podem maquiar seus produtos como ecologicamente corretos.

Embora possa parecer que estamos enclausurados em uma bolha espírita, que interpreta tudo o que ocorre com a inocência de quem acredita em um Plano Superior, podemos perceber que mesmo o Greenwashing faz parte do planejamento que a Espiritualidade Superior tem para o nosso planeta.

Os consumidores (nós!) estão cada vez mais conscientes e, portanto, demandam cada vez mais produtos ambientalmente corretos. As empresas, para se manter vivas no mercado, mudam suas estratégias. Claro que, dada a imperfeição moral em que estamos imersos nesse nosso estágio evolutivo, algumas empresas maquiam seus produtos ou sua comunicação de marketing, “fingindo” serem preocupadas com as questões ambientais, mas isso não quer dizer que muitas empresas sérias não possam ter preocupações (e ações!) ambientais reais.

Somos muito imperfeitos ainda e nossos passos rumo à perfeição espiritual são pequenos e claudicantes. A Espiritualidade Superior orquestra tudo como se fôssemos marionetes, sendo preciso perceber o tempo numa escala que transcende a da nossa vida diária, para enxergar o rumo que as coisas estão tomando em direção a um futuro longínquo. Esta orquestração do Alto favorece uma maior conscientização ambiental dos consumidores, que pressionam por mudanças nas empresas, que por sua vez pressionam governantes (os poderosos???) para que leis ambientalmente justas sejam adotadas por todos. É a motivação econômica sendo o motor para nossa evolução intelectual e moral. O ciclo se fecha, retornando para nós, consumidores.

Nada melhor do que usar e abusar dos tesouros do Espiritismo e da Ecologia, para acelerar este ciclo! Os participantes do estudo estavam a mil!

Foi aqui que discutimos as ideias de Ricardo Voltolini, fundador da consultoria Ideia Sustentável e da Plataforma Liderança com Valores, voltada à sustentabilidade, que afirma que crises são fenômenos capazes de gerar reflexão e mudanças de valores, crenças, atitudes e comportamentos. O propósito a frente do lucro capitalista está mudando. Uma nova consciência está nascendo e crescendo. As fronteiras estão sendo derrubadas em prol da Terra, a nossa pátria da humanidade. Está crescendo entre nós a empatia e a cooperação. Interdependência é a palavra da vez.

Tudo faz parte do Planejamento do Cristo.

Século XIX. Que século!!

Começa a Revolução Industrial e, quase em sincronia, nascem o Espiritismo e a Ecologia, engrenagens conectadas. Para designar coisas novas: palavras novas, como Espiritismo e Ecologia.

E sobre os efeitos da Revolução Industrial até hoje, Joanna de Ângelis deixa tudo muito claro:

“Vejamos, por exemplo, o que vem ocorrendo no Ecossistema. O desrespeito à Natureza, por ignorância inicial e por interesses mesquinhos e argentários no momento, tem produzido diversos efeitos graves para a própria existência humana (…) A vida é trabalhada por um princípio de Ética divina, que não pode ser manipulada ao prazer da insensatez, sem que disso não decorram consequências imprevisíveis para os seus infratores.” (“Dias Gloriosos” – Divaldo Franco)

O Divino Gestor é também Sublime Planejador. Ele semeou muitas luzes naquele século XIX:

Evolucionismo de Darwin: teoria desenvolvida para explicar as alterações sofridas pelas diversas espécies de seres vivos ao longo do tempo e sua relação com o meio ambiente onde elas habitam.
Positivismo de Comte: teoria filosófica, sociológica e política que defendia o constante progresso da sociedade baseado no avanço científico.
Transcendentalismo de Ralph Waldo Emerson: Na literatura, religião, cultura e filosofia, pregou a existência de um estado espiritual ideal que “transcende” o físico e o empírico, defendendo a percepção por meio de uma sábia consciência intuitiva.
Psicanálise de Freud: método para a compreensão e análise da psiquê humana: teoria da personalidade e um procedimento de psicoterapia.
Espiritismo com a codificação de Kardec
Ecologia de Ernst Haeckel.

Todas essas Ciências contribuíram para a nossa percepção da realidade em um mundo em crise: socioambiental, econômica e moral. Estas crises estão interligadas, como fala nosso querido André Trigueiro:

“Vamos nos deter aqui (no livro dele) na observação do Espiritismo e da Ecologia, basicamente nos seus aspectos comuns, reconhecendo desde já a fabulosa contribuição dessas ciências para a percepção da realidade num mundo que experimenta nos dias de hoje uma combinação de crises (socioambiental, econômica e moral) que também guardam relação entre si.”

Darwin publicou seu livro “Origem das Espécies” em 1859, após várias viagens e observações da natureza.

Kardec publicou “O Livro dos Espíritos” em 1857, após muitas observações dos fenômenos espirituais.

As duas obras se baseiam na Evolução (dos seres vivos e dos espíritos) e podemos pensar que uma copiou a ideia da outra, porém elas floresceram na mesma época. Isso também foi orquestrado pela Espiritualidade Superior, que fez a mesma ideia geral da Evolução surgir em dois livros diferentes, passando por duas mentes com pensamento científico.

Ao compararmos Haeckel, pai da Ecologia, e Kardec, codificador da Doutrina Espírita, percebemos serem dois grandes intelectuais multifacetados. Os dois foram desenvolvedores de novas ideias e neologismos (as palavras Espiritismo e Ecologia), e suas obras surgiram no mesmo período.

Kardec nos diz que tudo na natureza se encadeia por elos.

Haeckel, com sua Teoria da Recapitulação, postula que a série de transformações pelas quais um organismo passa desde sua origem até a fase adulta (ontogenia) corresponde à filogenia da espécie, isto é, a sua história evolutiva. Apesar de a interpretação original de Haeckel não ser mais acreditada atualmente, a máxima “A ontogenia recapitula a filogenia” ainda é válida.

O Espiritismo aplica o método experimental; é ciência de observação. Mas não fica no campo transcendental. Busca aplicações úteis e nos ensina sobre interdependência. Ecologia também é interdependência.

Conforme a Teoria Geral dos Sistemas (Bertalanffy), há interdependência entre componentes dos sistemas. O todo é maior que a soma das partes. Porém, não se pode falar de interdependência apenas entre os semelhantes. Tudo é interdependente, e essa informação não pode mais ser sonegada a ninguém.

Não podemos ficar alheios aos pontos em comum entre Espiritismo e Ecologia. Conhecê-los, refletir sobre… e agir!

Como sempre, os participantes estavam ligadíssimos, trazendo à tona a existência de uma Ecologia Espiritual, bastando lembrar que a psicosfera do nosso planeta pode ser poluída por nossos pensamentos e sentimentos. Na verdade, a psicosfera anda mesmo bastante enfumaçada. É preciso estudar e divulgar essa Ecologia Espiritual, para o bem de todos.

Muitas ideias foram debatidas, amigos e amigas. Aqui vão algumas:

É importante lembrarmos que todos nós temos nosso pequeno poder. Influenciamos aos outros na família, com amigos e no nosso entorno. Podemos modificar o que está ao nosso alcance.
Não temos ideia do alcance destas influências e irradiações. Tudo é energia, sintonia. À medida que as consciências individuais vão crescendo, a sintonia também vai e a energia aumenta o seu alcance.
O consumidor é o rei. Imaginem o dia onde o consumidor for ecossustentável…
Kardec e Darwin trilhavam o campo raciocinado. Fé raciocinada. Os dois estavam ancorados pela Espiritualidade Superior.
A importância do ritmo circadiano. Por mais que pensemos ter o controle das coisas, não controlamos nada. Quando contrariamos isso, ficamos doentes. Mesmo para quem não quer admitir, nós somos natureza.
Novas ciências: Cronobiologia e o respeito aos ritmos da vida, e Ecopsicologia, com a reconexão do ser humano com a natureza e seus efeitos sobre a saúde mental.

Finalizamos recomendando o vídeo Ecologia na obra de Chico Xavier, com André Trigueiro, que nos conta que o Chico reencarna no ano de uma grande enchente em Paris, quando foi percebido que a cultura da prevenção de desastres deveria ter outra dinâmica. O ano de 1910 determina uma virada na direção de consciência ambiental em Paris. Em julho de 1971, na TV Tupi, Chico lembra que “a humanidade tem o poder de modificar a criação de Deus. Nós nos encontramos no liminar de uma era extraordinária, se nos mostrarmos capacitados coletivamente a recebê-la com dignidade”. Esse trecho mostra que a evolução é uma lei divina. Só alcançaremos o mundo de regeneração se nos mostrarmos dignos de recebê-lo.

Sim, sempre teremos boas notícias ecoespíritas: 175 nações assinam acordo contra poluição por plásticos. Tem dedo da Espiritualidade Superior nisso, veja só:

Representantes de 175 nações concordaram em Assembleia da ONU a desenvolver um acordo global contra a poluição plástica. Expectativa é que tratado seja apresentado até o fim de 2024.

O segundo encontro de nosso grupo de estudos foi ainda melhor que o primeiro. Esperamos todos no próximo dia 10 de maio.

Quem ainda não está inscrito, ainda dá tempo!

Podem se inscrever no nosso grupo de estudos clicando aqui.

Até nosso próximo encontro!

Bibliografia e demais fontes citadas:

XAVIER, Chico. Viajor (Emmanuel).

XAVIER, Chico. O Consolador (Emmanuel).

FRANCO, Divaldo. Constelação Familiar (Joanna de Ângelis).

Greenwashing. Fonte: https://fia.com.br/blog/greenwashing/

Café Filosófico com Ricardo Voltolini. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Nhuz8psAwgI

FRANCO, Divaldo. Dias Gloriosos (Joanna de Ângelis).

HAECKEL: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ernst_Haeckel