Amigos do Meio Ambiente e da Vida

Somos imortais, mas resta pouco tempo…

Originalmente publicado em 17 de julho de 2022

Amigas e amigos espíritas ecologistas! No último dia 12 de julho, outra noite de troca de conhecimentos rica e com a chegada de novos participantes.

Prosseguimos no estudo e bate-papo sobre a obra “Espiritismo e Ecologia”, de André Trigueiro (*), no capítulo “Senso de Urgência”.

Perdeu os encontros anteriores? Sem problemas. Acesse o blog dos Amigos do Meio Ambiente e da Vida para se atualizar.

Saiu nova edição do livro do Trigueiro e nós já estamos lendo-o, para depois transmitir as novidades. Tem muita informação nova, atualizada!

Na abertura das partilhas, após a prece, começamos os estudos buscando inspiração em León Denis:

 “Nessa laboriosa e penosa evolução que arrasta os seres, há um fator consolador sobre o qual é sempre bom insistir: é que em todos os graus de sua ascensão, a alma é atraída, auxiliada e socorrida pelas Entidades Superiores. Todos os espíritos em marcha são ajudados pelos seus irmãos mais adiantados e devem auxiliar, por sua vez, aqueles que estão colocados abaixo deles” León Denis – “O Grande Enigma”

Como de costume, em contraponto ao noticiário pesado de nossos dias, sempre existem fatos muito positivos envolvendo o meio ambiente e a vida como um todo e boas notícias sobre a Ecologia.

Do distante Paquistão, um esforço monumental para reflorestamento do país:

Nossa sugestão de filme ou documentário conectado à nossa causa da sustentabilidade é uma produção do Instituto Nina Rosa, chamado “A Engrenagem” [1]. Documentário de 16 minutos, de linguagem fácil, acessível e direta, apresentado por Eduardo Pires e Ellen Jabour, traz respostas para a pergunta:

“Você já se perguntou de onde vem sua comida impactos que ela provoca?”

Assista, mas não esqueça de comentar conosco as suas impressões.

A humanidade está firmemente presa em engrenagens nocivas. Por que compramos em embalagens plásticas? Costumamos dar “carona” aos produtos comprados em saquinhos plásticos desnecessário, somente para percorrer o trajeto entre a loja ou supermercado, até o lar. Sair deste piloto automático é vital.

Por que consumimos alimentos cujo rastro, além de ser péssimo para os animais, é ambientalmente insalubre? Podemos nos posicionar contra isso, mobilizando-nos para interromper a produção diária de montanhas de lixo. Reaproveitar, reciclar, rever hábitos. E, sobretudo, desapegar deles. Temos pouco tempo. Existe um senso de urgência real, concreto!

A máxima do mundo comercial não poderia ser mais verdadeira: o cliente é o rei. Conversamos muito nesta noite de estudos, imaginando o poder que um cliente cristão-espírita-ambientalista tem nas mãos. Milhares, milhões de clientes assim podem mudar o curso das cadeias produtivas, reduzindo o impacto ambiental e evitando o extermínio de bilhões de irmão nossos, os animais.

O problema foi descrito pelo cantor Lulu Santos, aqui dando uma de filósofo, quando diz que “assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade”. É hora de acelerar o passo, senão, o formigueiro corre riscos.

André Trigueiro fala sobre o “senso de urgência”, que deveria envolver a todos, quando o assunto é agravamento da degradação da natureza e desequilíbrio do clima e da vida. “Urgência”: algo que não pode ser adiado; situação crítica ou bastante grave.

Com propriedade, Trigueiro afirma que:

“A evolução não dá saltos… espíritas e ecologistas têm motivos de sobra para recomendar a aceleração do passo na direção da mudança.”

O ser humano está provocando saltos fora da ordem da natureza e isso leva cientistas a declarar que vivemos o período do antropoceno, época geológica que se seguiria ao holoceno, o período com temperaturas mais quentes após a última glaciação. O conceito “antropoceno” — do grego anthropos, que significa humano, e kainos, que significa novo — foi criado em 2000 pelo químico holandês Paul Crutzen, Prêmio Nobel de Química em 1995, para nomear era caracterizada pelo impacto (nem sempre positivo) do homem na Terra. Diz ele: “Estava em uma conferência e alguém mencionou o holoceno. De repente, pensei que esse termo era incorreto. O mundo tinha mudado muito. Eu disse não, estamos no antropoceno.”

E já que falamos da era do antropoceno, uma matéria da Revista Nature [2] relata em que 2020, pela primeira vez na história, o ser humano produziu, usando (muitos) recursos minerais, água e energia, em termos de massa, mais do que a massa total de todos os seres vivos da Terra: cerca de 1 trilhão de toneladas, ou um 1,1 teratoneladas, de metais, asfalto, tijolos e concreto.

Este volume de produção humana nos leva a pensar que não existem recursos no planeta que sustentem este cenário por muito tempo. A Terra é uma só e isso acrescenta ainda mais urgência à questão da preservação do meio ambiente e da vida.

Trigueiro adverte: “Os ecologistas denunciam o risco do colapso na capacidade de suporte do planeta em atender às atuais demandas de matéria-prima e energia da humanidade… essa ruptura poderia acontecer aproximadamente em 2050.”

Uma das pegadas do antropoceno é a extinção da biodiversidade, parte delas possivelmente sequer ainda conhecidas pela ciência. Trata-se da 6ª extinção das espécies, artificial, provocada pela humanidade. Segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional Para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), mais de 35.500 espécies estão em perigo de extinção, ou seja, 28 % das espécies conhecidas. Uma perda de biodiversidade com características dramáticas.

Todas as cinco grandes extinções anteriores, foram disparadas por fatores naturais, como asteroides e erupções vulcânicas.

Em peso, 96% dos mamíferos do mundo são humanos e gado. Apenas 4% são animais selvagens. Estes percentuais dizem muito em relação ao desaparecimento de espécies e sobre os efeitos de tal proporção no meio ambiente. Estamos esquecidos da conexão que une os seres de todos os reinos, mas então surge Emmanuel para nos relembrar:

“Perante a Eterna Sabedoria, todos estamos interligados, – as pedras e as flores, os animais e os homens, os anjos e os astros, – numa cadeia de amor infinito.” [3]

Inúmeros exemplos, de todas as partes do mundo, aceleram a necessidade de conscientização e ação.

Ecossistemas vitais e sensíveis são atingidos por garimpos ilegais, como a Amazônia. Joanna de Angelis, lá de cima, relata quem sofre com esta atividade:

“…a presença do mercúrio nos rios enseja o envenenamento, destruindo a flora e a fauna, bem como as populações ribeirinhas”. [4]

Países que fazem o dever de casa ambiental, pagam a conta pela omissão dos grandes poluidores, como o Butão, que sofre o impacto do derretimento das geleiras. Este pequeno país absorve muito mais gases do efeito estufa, do que emite. E mais, lá existe o ministério da felicidade, que entre outros indicadores, apresenta o índice da felicidade: satisfação das pessoas com direitos básicos, como educação etc.

Butão, Ásia

O Oriente Médio, que já é quente, atingi com frequência os 50º, como o Catar, por exemplo.

Doha, Catar

Pequenos países insulares percebem o mar avançar cada vez mais, afetando a vida em delicados ecossistemas, como as Ilhas Maldivas. A população deste e outros países, pode engrossas as fileiras dos refugiados climáticos: pessoas que precisarão migrar para outras regiões, por conta de eventos climáticos extremos ou efeitos graduais do aquecimento global, como a própria elevação do nível dos mares.

Malé, Maldivas

Hábitos de consumo, comportamentos, meios de produção e poluição do lado de cá no mundo, interferem diretamente na vida de milhões, bilhões de irmãos humanos ou não humanos, do outro lado do mundo. Por isso é importante rever o que disse o André Luiz espírito:

“De alma agradecida e serena, abençoar a Natureza que o acalenta, protegendo, quanto possível, todos os seres e todas as coisas na região em que respire” [5]

A turma trouxe um conceito muito interessante, que vai ao encontro dos estudos da noite:  ressonância mórfica. Quando um determinado comportamento começa a ser repetido em algum lugar, ele pode ser repetido em lugares distantes, tanto para o bem, quanto… Trata-se de uma energia que lançamos e que alcançará alguém em algum momento, em algum ponto distante, então, a ideia é provocar um movimento que estimule mudanças positivas, sendo que a ressonância mórfica se encarregaria de levar estes ares novos para outros lugares.

Trigueiro além de espírita defensor do meio ambiente, é militante da prevenção do suicídio. Em seu livro ele traça um paralelo inquietante:

“Se o suicida escolhe matar o corpo, e isso acaba acontecendo pela vontade de seu livre-arbítrio, o mesmo poderia acontecer coletivamente se nossas escolhas não forem repensadas, se não empregarmos tempo e energia suficientes na solução desses problemas, causados por nós mesmos”

Prosseguindo a humanidade com passos de formiga em relação à consciência ambiental, poderemos acelerar o ritmo rumo ao autocídio (gol contra a própria sociedade humana) e o ecocídio (muitos gols contra a natureza, fauna e flora).

Em linguagem empresarial, Deus “terceiriza” funções para as quais estamos meio relaxados:

“E Deus nessa história? Bem, o Deus que protege e ampara é o mesmo que delega funções e atribuições. Em uma linguagem típica dos mercados, Deus “terceiriza” e confiou o planeta à tutela dos homens. Será que estamos devidamente mobilizados para enfrentar esses problemas?”

Como diz o físico Wladimyr Sanches, no livro do Trigueiro, “o desafio de enfrentar problemas cruciais para a manutenção da vida biótica na Terra é um meio de se acabar com o marasmo em que a sociedade atual vem se acomodando. É preciso ver e temer o perigo, de perto, para que as soluções brotem, com esforço coletivo, já que o perigo é inerente a todos e não apenas a alguns países.”

BOA NOTÍCIA!!!

“A boa notícia é que dispomos de suficiente conhecimento e tecnologia para mudarmos o curso da História na direção que interessa. Mas será que é isso que realmente desejamos?”. Importante alerta, que cabe para vários setores da indústria e economia em geral, como o petrolífero, mineração, pecuária entre tantos. Ética e bom-senso são ingredientes fundamentais e urgentes. E quem nos diz isso é Joanna de Ângelis:

“A vida é trabalhada por um princípio de Ética divina, que não pode ser manipulada ao prazer da insensatez, sem que disso não decorram consequências imprevisíveis para os seus infratores” [6]

O capitalismo não seria um problema, se a ambição não fosse algo tão desmedido, precedida pelo orgulho e vaidade, velhos inimigos. Diminuir lucros, agindo mais concretamente a favor do próximo seria um belo começo. Ideias não faltam e já são ensaiadas mundo afora, como o Degrowth, que advoga crescimento menor e maior respeito ao meio ambiente e à finitude de recursos. De um jeito ou de outro, é preciso fazer o bolo crescer de forma sustentável. E dividi-lo de forma cristã.

À exemplo do Cristo, que é manso, sem deixar de ser enérgico, o senso de urgência necessita ir ao encontro do amor ao próximo, inclusive àqueles que não ainda despertaram. E nada de ativismo violento, mas sim, aquele ativismo fraterno e tolerante.

Como o autoconhecimento e a reforma interior são ingredientes vitais para a vida dentro e fora de cada um de nós, fica a pergunta:

E se fossemos nós a ter o poder político, econômico e industrial?

Talvez fizéssemos a mesma coisa que os poderosos do mundo fazem.

Por isso, a tarefa urgente de vencer os poderosos inimigos da alma: egoísmo, ambição, vaidade, orgulho. O que estamos fazendo por NOSSA regeneração ético-moral-espiritual?

Somos imortais? Sim.

Temos todo o tempo para agir? Não!

Podemos ser ativistas ambientais espíritas frente aos poderosos do mundo? Claro que sim!

Para que os ventos soprem na direção da paz, fraternidade e equilíbrio amoroso entre humanos, não humanos e meio ambiente, é urgente a ação de TODOS.

Até nosso próximo encontro! Esperamos vocês!

Bibliografia e demais fontes citadas:

[1] Site: http://www.institutoninarosa.org.br/tag/a-engrenagem/

[2] Site: https://www.iberdrola.com/sustentabilidade/o-que-e-antropoceno

[3] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). Paciência. Capítulo “Indicações da Paz”

[4] FRANCO, D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Dias gloriosos. 5 ed. Salvador: LEAL, 2015. 200 p. Capítulo 9 “Engenharia genética”

[5] VIEIRA, W. ANDRÉ LUIZ (Espírito). Conduta espírita. 32 ed. 7 imp. Brasília: FEB, 2017. 118 p. Capítulo 32 “Perante a natureza”.

[6] FRANCO, D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Dias gloriosos. 5 ed. Salvador: LEAL, 2015. 200 p. Capítulo 9 “Engenharia genética”.

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